segunda-feira, 27 de junho de 2011

Minha Religião




Te amo, e te amo tanto
Que te amaria sendo você o que fosse
Se tu fosses uma dessas crentes fanáticas
De saião no pé e cheia de fé
Ainda assim, te amaria.
E se meu ateísmo convicto fosse pra ti, um problema
Eu aceitaria então, vestir terno, gravata e bíblia
Andaria por ai, de vigília em vigília
Teu "aleluia" me arrepiaria os cabelos da nuca!
Eu viveria da fé em nós dois.
Jesus, morreria de desgosto em saber que fui ao pai
Não por ele, mas por você.
Aceitaria com um desejo resignado
Tua saia longa, tua gola alta
Mesmo assim, mesmo assim, o pouco do teu corpo
que se revelasse para mim...
Eu poderia perder noites de sono
Lembrando de tuas canelas nuas
Ah, essas tuas canelas nuas...

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Morreu Jovem



Morreu jovem
Pouco tinha visto da vida
Assassinada cruelmente
Jogada numa esquina pouco movimentada
Morta em vão
Nada no mundo mudou depois que seu pescoço foi cortado
Nenhum casamento desfeito
Nenhum cargo ocupado
Nenhum amor conquistado
Nenhum carnê liquidado
Morreu em vão
Nem teve a dignidade de alimentar a família na mesa de domingo
Nem, a bela sensação de esquentar a casca de sua prole
De vê-la saindo do ovinho com aquela carinha feia de quem come minhocas
Morreu sem ter escapado pra rua
Ou andado de caminhão
Como muita gente, morreu por culpa de religião
Não porque se opunha a alguma
Morreu porque alguém inventou
Que santo como galinha com farofa
No além.