Separado de minha morada
em teu peito
aparte!
eu pago o tributo
em silencio
na minha resignação burra
que devorem o pouco de minha carne
e me tirem a metade das parcas horas de sono
o apetite
e assim, nossos caminhos
tomam direções opostas
apesar do mapa feito em nossos sonhos
e até eles, os sonhos
anulados, repousam
debaixo de uma papelada fria
tomo parte
da parte que me cabe
e sangro
tento, em vão
deixar tua fonte inesgotável em mim
jorrar pelo bueiro
enquanto tento entender
a risada dos que riem
a conversa dos que falam
enquanto tento rearrumar a casa
mudar os móveis de lugar
te enxergando em cada canto
enquanto tento rearrumar a mim
mudar as coisas de lugar
sabendo que ainda reside aqui
eu pago o tributo
em me forçar
a apagar teu sorriso
e todo aquele amor pulsante
em olhares firmes
em olhos lacrimejantes
em promessas
em fotografias
em juras
em frases
em dores
em cortes
em abraços fortes
de quem nunca quer se soltar....
em dormir...
em acordar...
e ser a primeira coisa que se vê
e ter a quem contar
e ter a quem dividir
e ter onde morar
bom dia
boa tarde
boa noite
como vai?
bom te ver
até qualquer dia
mande lembranças
e em caminhos distintos
a gente se esvai.