quinta-feira, 19 de julho de 2012

Morreu Jovem



Morreu jovem
Pouco tinha visto da vida
Assassinada cruelmente
Jogada numa esquina pouco movimentada.

Morta em vão
Nada no mundo mudou depois que seu pescoço foi cortado
Nenhum casamento desfeito
Nenhum cargo ocupado
Nenhum amor conquistado
Nenhum carnê liquidado.

Morreu em vão
Não teve a dignidade de alimentar a família na mesa de domingo
Nem, a bela sensação de esquentar a casca de sua prole
De vê-la saindo do ovo com aquela carinha feia de quem come minhocas.

Morreu, sem ter escapado pra rua
Ou andado de caminhão
Como muita gente, morreu por culpa de religião
Não porque se opunha a alguma
Morreu, porque alguém inventou
Que santo como galinha com farofa
No além.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Claque



Cada gota de chuva
Uma pedrada na alma
Gotejando
Esperando.

A calma vem num andar aleijado
Cruza a esquina
Passos de lesma
A calma vem em doses homeopáticas.

Ponteiros de chumbo no teu relógio
Barro na ampulheta
Chuva lá fora
Tudo bem...

Teu estômago ronca
Mas é a alma que sente fome

É hora de sair pra comer
Se alimentar
Caçar...

Voltar pra casa
Cuspindo ossos
Vomitando dentes
Bocas.

Esse filme eu ja vi
Esse episódio é piloto
O piloto sumiu!
Sem rumo...

Mas a "claque" é fiel
Nunca omissa
Admiram tua beleza
Como devotos em missa

Choram do teu choro
E riem a cada tropeço teu
Sempre que a placa levanta.
(Risos)

A vida é mesmo uma tragédia anunciada
Cenas de um próximo capítulo que nunca chega
Fim de temporada
Gosto amargo
Deja vu.

Eu, gosto de te encontrar por ai
Dividir humor de banheiro
Sarcasmo
Torpor
Bulas de remédio.