domingo, 25 de setembro de 2011

Deus te conserve, uma lata de conserva.



"Olha...agora que já estou aqui, não vou desistir não!
Não sou como essas outras ai, digo...não que elas sejam ruins não.
Mas eu sempre fui diferente, acho que mereço isso mais do que ninguém.
Sempre corri atrás do meu, só. Se machuquei alguém pelo caminho, se menti um pouco, fui sonsa, me vendi e trai...isso acontece poxa, desculpa;
Acho que nesse jogo é assim mesmo, cada um vê o seu, né?
Tem que olhar pra frente sempre, o que passou, passou. Se alguém ficou pelo caminho, paciência, é sinal que não tem a mesma capacidade que eu tenho. Egoísta? Eu? Nada disso! Sempre ajudei na medida do possível.
Mas também não ia me fuder pelos outros né? Opa, desculpa o palavrão.
Mas é isso, não vejo a hora de sair daqui! Ai,ai....Deus vai me ajudar, vocês vão ver!"

Reclamava a latinha de conserva, numa prateleira empoeirada, num mercado de subúrbio. A latinha embora quase inchada e com a data de validade no limite, passaria por cima de qualquer um pra conseguir seu objetivo, que ela nem sabia ao certo qual era.

domingo, 18 de setembro de 2011

Guerreiros



Desceram as escadas a mil
Pararam sob a sombra...
E observaram.
Uma luta de dois é uma luta justa
Desembainharam a espada e travaram uma
Luta sangrenta contra os opressores do rei.
A lua cintilava no céu enquanto o ressoar do aço
Quebrava o silencio da noite.
Guerra de luz contra sombras.
Armaduras douradas representando o reino dos justos
Contra a sombra negra dos
Apocalípticos cavaleiros fantasmas.
A luta poderia durar dias, semanas...
Durou quinze minutos;
A mãe chamou os dois pra dentro...
Era hora do jantar e do dever de casa.
Guardaram as espadas (de pau) na varanda
Ao lado da bicicleta (ainda com rodinhas)
E entraram...
A luta continuaria pela manhã
Depois do café e antes da escola!

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Bailarina



Noite de sábado, teatro cheio
Ternos engomados e belos vestidos
Lugares marcados
"Engole logo essa pipoca, desliga o celular"
"Rápido, silêncio, vai começar!"
Diminuem-se as luzes
Orquestra a tocar
Entra a bailarina
Linda, na ponta dos pés
Um giro pra cá, e agora, ao revés
Bailarina vem pulando
Bailarina vem gingando
Bailarina vem dançando
Bailarina vem balançando
E o público, bocejando...
Então, num erro primário...
Bailarina vem tropeçando
Bailarina vem cambaleando
Bailarina vem capotando
Bailarina vem derrubando, tudo que tem pela frente
E o público gargalhando...
Então, depois de tantos "andos" e "desandos"
A pobre bailarina nunca mais calçou as sapatilhas.

domingo, 4 de setembro de 2011

A culpa é do cigano


O comercial do novo Fiat Cinquecento traz Ricardo Macchi ao lado de Dustin Hoffman e o seguinte slogan: “Para ser um atorzão, não precisa ser grande”. A brincadeira reside no fato do baixinho e narigudo Hoffman ser imensamente superior ao Macchi. Talvez as novas gerações não entendam de fato a grande ironia. Em 1995 a novela Explode Coração foi alvo de muitas críticas dos brasileiros. O roteiro de Glória Perez trazia o cigano Igor (Macchi) num dos papéis principais.E o cara era tão ruim, mas tão ruim, que mesmo eu, que ainda era moleque e com meu senso crítico que até então só me permitia analisar e julgar os roteiros e atores do seriado Jaspion, me perguntei: -Onde diabos arrumaram esse cara?
Ricardo não possuía nenhum carisma, dizia seus textos como quem compra pão na padaria e parece ser da mesma escola de atores que o Steven Seagal. Aliás, será que estão usando os piores atores de seus respectivos países nessa campanha? O Van Damme na Bélgica e o Ben Affleck nos EUA? Seria interessante.
Nunca antes na história desse pais, um ator de novela das oito foi tão crucificado. O país parou e era engraçado/trágico ver como o sujeito se esforçava a cada capitulo. Depois do fim da novela o rapaz sumiu, passou um tempo no Alasca, visitou o triângulo das bermudas e morou em Marte durante um tempo. O que ele fez de mais interessante nesses anos, foi namorar a Ellen Roche. Antes do comercial eu o vi num programa de TV. Ao ser questionado sobre o porque de seu personagem ser tão injustiçado Macchi respondeu:
-O povo brasileiro vivia um momento muito ruim na economia, o Brasil ia mal...
Me lembro que ri bastante do absurdo dito, porém hoje, dou total razão ao cigano. Vi numa pesquisa que o brasileiro considera real o que acontece na novela e irreal o que assiste nos noticiários. É comum lermos que certo ator foi ameaçado na rua por interpretar um mau sujeito, por ter atrapalhado o romance da pobre menina e seu patrão. O povo acredita realmente no que assiste nas novelas. Se algum politico fraudou o INSS e prejudicou alguns aposentados, ninguém reclama. Desviaram dinheiro da merenda em algum município do nordeste, as crianças só comem biscoito e salsicha, ninguém ouviu falar. O Brasil é uma espécie de Twlight Zone do mundo, algumas coisas só aparecem aqui, só somem aqui e acontecem aqui...e o povo não tá nem ai. Uma deputada foi recentemente absolvida de um crime na qual foi filmada recebendo propina, alguém sabe o nome dela? E quem matou a Norma? Você sabe?