terça-feira, 3 de maio de 2016

desci a rua Augusta a 90 por hora
não estava devagar, mas também não tinha pressa.
ai, ai, Johnny. ai, ai, Alfredo
o que eu mais sinto nessa vida é medo.
eu precisava me curar
tinha uma ferida aberta.
eu tinha pressa em me curar
cicatrizar, pra poder abrir o talho de novo.
é um corte que nunca fecha
não fugia de ninguém, a 90 por hora.
tinha a pior companhia possível: eu mesmo
Falando no meu ouvido: “acelera, cagão!”.
existe um novembro no final do quarteirão
talvez eu o evite pela contramão.