sábado, 30 de julho de 2011

A superficie do poço


Esse reflexo da moça
Na superficie da poça
Olhos rasos
Mãos finas
Cabelos ralos
É vento que não apaga fogo, moça
É brasa que não esquenta
Passo leve
Sem pegadas
Sem marca
Ou cicatriz
É uma leve torcida de nariz
Dar de ombros
Largar de mão
A moça é trampolim à dois palmos do chão
Linha reta em pulsar de coração
O amor dela vai pra sempre em mim
Como tatuagem de chiclete
Mato sem jardim
A saudade é um lembrete em porta de geladeira
Sua cura em dez gotas de dipirona
Pois saiba, moça
Que cheguei ao meu limite
Ando cansado, embora moço
Cheguei eu
Na superficie do poço.

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