Quando eu ando por ai, meus sapatos velhos e cansados
devoram pedaços inteiros de asfalto
O estômago ronca um vazio que vem da alma
E a cabeça rumina antigas saudades.
Queria eu que junto com as solas desses sapatos
Ficasse pela rua, como um rastro, essa velha solidão
Andar, andar sem olhar pra trás
Sentir as penas dormentes e não a cabeça pender pro lado, ou pra baixo
mirando esses sapatos gastos
Pois a cabeça pesa como bigorna de desenho preto e branco
Acorda pesada, quando por milagre...dorme.
"Não para agora não" eu digo
"Só mais um quarteirão"
Tento despistar por ruas emaranhadas essa culpa
Mas ela, esperta, sempre me encontra num beco sem saida
Esperta como um cão!
E pra que andar?
Não existem mais cataventos por ai
Toda essa procura é em vão.
Esse andar é uma necessidade
É também enganação.
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