terça-feira, 9 de novembro de 2010

Na fazenda

Achei que era só no vale do silício que ocorriam as disputas.
Achei que apenas debaixo das sombras dos arranha-ceús que se mastigava um ao outro
Entre um cachorro-quente e um café.
Achei que só se falava da vida alheia em salões de beleza e porta de boteco
Achei que na cidade grande, gente pequena falava de pessoas miúdas!
Falar, mastigar, cuspir, achar, imaginar, indagar, fofocar...
Cansado de dentinhos podres mastigando fofocas em linguas verdes de sujeira e bafos de milênios de maldades
Uma semana na fazenda
Uma cura pra essa dor nas costas, um descanso para os olhos
Longe das noticias, das janelas, dos "pop ups"!
Ledo engano o meu...Assim como na cidade, o campo carrega suas intrigas
O pangaré solitário reclama da vida,chora e diz que vai embora
A vaquinha, deixa seus bezerrinhos famintos enquanto pasta por ai, procurando noticias quentes
Shiiii! A parede do celeiro tem ouvidos!
Evite ser visto com as galinhas
Passe longe do lago, tem piranha lá...
E o boi muge, bezerro berra, bode bodeja, cão late, ovelha berrega, pato grasna,
cuco cuca, burro zorna, grilo grizalha, sapo coaxa...
Tanto lá, quanto aqui:
"Já soube?"
"Wrebet"
"Tu viu?"
"Cocóricoooooo"
"Então, não tenho certeza, mas.."
"Muuuuuuuuuuuuuuuuuuu"
"Ta vendo aquela lá?"
"Quém,quém,quém!".

Nenhum comentário:

Postar um comentário