Nunca vou me habituar. Nem imaginei que seria tão difícil. Tenho quinze minutos pro meu café diário, e perco dez, só em tentar atravessar a rua até o boteco de frente pro prédio, nunca vi tanto carro! De onde eu venho posso deitar na rua e contar direitinho umas boas horas sem passar nenhum carro de boi. Quando consigo finalmente atravessar, na calçada, ainda levo uns três tropeços, uma cotovelada e um safanão até entrar no bar. Eta povinho apressado! Parece até que vai tirar o pai da forca! Falatório danado e o cara do lado de trás do balcão parece ter vindo lá de cima também, mas é mitido que só. Com essa cara queimada de sol se acha carioca, mas esse sotaque e essa cabeça me enganam não. Café ralo e pão fino eu peço, e o cabeçudo me alerta com um tapa no balcão que já ta pronto. Oxi, nem respira posso!
Engulo meu café e já volto correndo pro prédio. “Abre portão, fecha portão! Abre portão, fecha portão”. Troço chato! Me da uma enxada que eu me viro. Ter que ficar olhando esses sujeitos na câmera é que num dá. Nunca sei se os cabra tão indo ou vindo! Me atrapalho todo!Paraíba nasceu pra duas coisa: passa sede e ser porteiro!
Nenhum comentário:
Postar um comentário